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12, JUL DE 2024

O tempo é uma ilusão?

O tempo é uma ilusão?

O que é o tempo? Um conceito tão familiar parece não precisar de explicação. No entanto, a física moderna desmantelou muitas de nossas intuições, revelando que o tempo é, em grande parte, uma ilusão.

O debate sobre o verdadeiro significado do tempo, e até mesmo sua existência em um nível fundamental, está mais vivo hoje do que nunca, abordando as questões mais profundas da física teórica.

Einstein e o espaço-tempo

No começo do século XX, Albert Einstein revolucionou nossa concepção de espaço e tempo com sua Teoria da Relatividade Especial (1905) e Geral (1915). Segundo essas teorias, o tempo depende da velocidade do observador e do campo gravitacional ao qual ele está sujeito, fenômenos que foram demonstrados experimentalmente.

Desde então, concebemos o tempo como uma dimensão semelhante às três dimensões espaciais: a quarta dimensão.

Mais lento na cabeça do que nos pés

Imagine que o relógio de sua casa marque 10 horas quando você sai para caminhar e 11 horas quando volta. O senso comum diz que, para você, uma hora se passou e que o relógio em seu bolso (se estiver funcionando corretamente) também terá passado uma hora. Mas, a rigor, isso está incorreto.

Como você se deslocou, o tempo decorrido para você e seu relógio é ligeiramente menor do que para o relógio que você deixou em casa. A diferença é tão pequena que, para todos os fins práticos, é zero. Mas quando você faz esse tipo de experimento usando relógios atômicos, descobre que o tempo decorrido é diferente (e a diferença é exatamente o que a teoria de Einstein prevê).

O mesmo ocorre com a gravidade: quanto maior o campo gravitacional, mais lento é o tempo decorrido. Quando você está em pé, o tempo passa mais rápido em sua cabeça do que em seus pés. Isso também foi demonstrado experimentalmente.

Não existe um “tempo universal”. Não é possível dizer que “em um determinado momento” a realidade é composta de eventos que acontecem simultaneamente em lugares diferentes. Para outro observador, os fatos que constituem “a realidade do presente” são outros.

O fluxo do tempo para a física

A percepção psicológica mais poderosa sobre o tempo é que, ao contrário do espaço, ele flui. Os eventos passados já aconteceram. Eles existiram, mas não existem mais. E os futuros ainda não aconteceram. Somente o presente tem existência real.

No entanto, não há nada nas equações da física que indique que o tempo flui dessa maneira. Essas leis relacionam eventos em diferentes momentos (ou seja, caracterizados por diferentes valores da coordenada de tempo), mas não nos dizem que o tempo flui do passado para o futuro.

Por mais incrível que pareça, a passagem do tempo é provavelmente uma ilusão. Uma ilusão muito poderosa, de fato.

Qual motivo dessa alucinação coletiva?

Imagine que o tempo fluísse mais devagar, como você perceberia isso? Nesse exercício, não caia na armadilha de pensar que o tempo flui mais devagar para todos, exceto para nós. Fazemos parte do Universo e, portanto, nossos processos cerebrais (e os pensamentos consequentes) também ficariam mais lentos, em sincronia com todos os relógios. Portanto, a resposta é que não perceberíamos isso de forma alguma. Tudo pareceria exatamente igual.

Isso seria verdade mesmo se o “fluxo do tempo” retrocedesse. A cada momento, nossos pensamentos seriam idênticos e, consequentemente, nossas “memórias” e nossa percepção do tempo também.

A seta do tempo

Contudo, o tempo parece se mover em uma direção específica, e não na direção oposta. Isso é chamado de “seta do tempo”. Quando colocamos leite em uma xícara de café, os dois se misturam, mas o contrário nunca acontece. Quando deixamos um ovo cair no chão, ele se quebra, mas nunca os pedaços se recompõem espontaneamente e o ovo volta para nossas mãos. O motivo desses processos aparentemente irreversíveis está no segundo princípio da termodinâmica, que diz que “a entropia sempre tende a aumentar”.

Em termos simples, entropia é algo semelhante à desordem em um sistema físico. Na verdade, o segundo princípio não é uma lei física, mas pura estatística. Há muito mais estados desordenados do que ordenados, portanto, a evolução tende sempre a desordenar os sistemas.

Pegue um baralho de 20 cartas vermelhas sobre 20 cartas pretas e embaralhe-o. Logo você perderá essa configuração especial. Mas, por mais que embaralhe, na prática você nunca voltará à configuração inicial, embora isso seja teoricamente possível. São esses processos irreversíveis que criam uma seta do tempo, distinguindo o passado (menor entropia) do futuro (maior entropia).

Ordem no Big Bang

No momento do Big Bang, o Universo tinha uma entropia extremamente baixa, ou seja, muito pouca desordem. A razão exata para isso ainda é desconhecida (embora existam modelos que tentam explicar), mas esse fato permitiu o aumento da entropia e o surgimento da seta do tempo com a qual estamos familiarizados.

Desde esse instante primordial, a entropia tem aumentado continuamente através de processos irreversíveis, como aqueles mencionados anteriormente (ovos quebrando, líquidos se misturando) e eventos maiores (estrelas queimando hidrogênio).

Esses processos irreversíveis produzem um senso forte de causa e efeito em uma sequência temporal. No entanto, nas equações da física, não encontramos essa distinção, pois todos os processos são, em teoria, reversíveis.

A pedra no lago

Imagine que você deixe cair uma pedra em um lago, criando as típicas ondulações concêntricas na superfície. Teoricamente, o processo poderia ocorrer de forma inversa: uma flutuação aleatória da superfície da água poderia formar ondas concêntricas que se moveriam em direção ao centro, onde um redemoinho levantaria a pedra do fundo do lago e a colocaria de volta em sua mão, deixando a superfície perfeitamente calma. Como um filme ao contrário.

Isso não é proibido pelas leis da física, mas é extremamente improvável. A razão está no segundo princípio da termodinâmica: os processos sempre evoluem de estados de menor entropia para estados de maior entropia. O estado da pedra em sua mão e a superfície calma do lago têm muito menos entropia do que a pedra no fundo do lago e a água ligeiramente agitada pelo impacto da pedra.

Se nos for mostrado um instantâneo das ondulações circulares na superfície de um lago, associamos essas ondulações (dizemos que são “causadas”) a um estado de menor entropia (como um objeto caindo na água). O oposto (uma flutuação aleatória da água) é altamente improvável.

Portanto, colocamos a causa no passado, no domínio de menor entropia. É por isso que falamos de causas e efeitos, onde as primeiras precedem os segundos.

Isso também explica por que os registros e memórias do passado são formados. Se a pedra cai na lama em vez de na água, as ondas criadas permanecem “congeladas”, fornecendo um registro da “causa” que as produziu, que, como mencionado, é sempre um evento no passado.

O mundo está repleto desses vestígios do passado: crateras na Lua, fósseis, construções humanas, entre outros. Da mesma forma, relacionamos os registros em nosso cérebro (nossas memórias) a eventos passados que os “causaram”. Isso cria a sensação psicológica de que viajamos do passado para o futuro: do passado (baixa entropia) temos registros e memórias abundantes, enquanto o futuro (alta entropia) é incerto. A percepção é de que o passado “já aconteceu”, mas o futuro “ainda não aconteceu”, embora as leis da física não expliquem essa interpretação precisamente dessa maneira.

A natureza do tempo

Embora a maioria dos físicos concorde com o exposto, a verdade é que ainda não compreendemos a natureza do tempo em sua totalidade. E não saberemos até que a Teoria da Relatividade Geral e a Mecânica Quântica, os dois pilares da física moderna, sejam reconciliadas.

Por enquanto, podemos refletir sobre a ideia de que a passagem do tempo (desejada ou indesejada) pode ser apenas uma ilusão.

Então, como podemos gerir o tempo?:

No meu entendimento, essa percepção da física moderna, aqui descrita pelo pesquisador Alberto Casas González, reforça a ideia que procuro passar a respeito da Gestão do Tempo.

Existem, na verdade, 3 tempos. O dos astros, que, com seus movimentos, geram o “passar” daquilo que convencionamos chamar de dias, do relógio, uma convenção da humanidade para sincronizar nossas atividades como sociedade e o tempo da nossa atenção, do que fazer no presente momento.

Este último é o único sobre o qual temos o poder de decisão e é, portanto, sobre ele que se pode fazer a Gestão do Tempo. Decidir sobre o que fazer a cada momento, a partir da reflexão do que se quer da vida, amparado em seus legítimos valores e objetivos, é a verdadeira gestão do tempo. Independente da coletividade da ilusão e das convenções sociais, o conjunto de decisões sobre todos os “agora” que você vive determinarão a sua vida.

Por isso, é fundamental aprender as técnicas que lhe fornecem as melhores ferramentas para a tomada dessas decisões baseadas naquilo que você busca e não naquilo que a vida dá, o acaso tira e a rotina atropela.

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Bom proveito.

Fonte: G1 - g1.globo.com / Alberto Casas González - Universidade Autônoma de Madri / Jaime Wagner - PowerSelf

Imagem: Canva